Jogos online e a influência no comportamento das crianças

Não é de hoje que ouvimos falar sobre a influência que jogos online podem causar em crianças de todas as idades, influência essa muitas vezes relacionada a uma conotação negativa. No entanto, esse assunto pode ter perspectivas diferentes diante como cada pessoa trata o assunto, e é sobre isso que dissertamos a seguir.

Em 1954, nos Estado Unidos o autor e filósofo Frederic Wertham escreveu um livro chamado Seduction of the Innocent o qual discutia a exposição das crianças a ações violentas e como isso afetava o comportamento delas no seu cotidiano, abordando assim jogos, revistas em quadrinhos, televisão até mesmo o brinquedos como o “João Bobo”.

Esse livro teve uma grande repercussão no país e trouxe a todos o questionamento: “São as mídias e redes sociais as grandes culpadas pelo comportamento agressivo das crianças?”. E para um livro de 1954 o assunto continua bem atual, mas com um item para se adicionar, a internet.

Os jogos online causam influência negativa sobre as crianças?

No Brasil essa discussão sobre jogos online teve um restart no dia 13 de março de 2019, quando dois ex-alunos, um de 17 e outro de 25 anos, invadiram uma escola estadual em Suzano (SP) e, armados com revólver, machado e coquetel molotov e mataram sete pessoas e feriram onze, e o então, vice-presidente da República, Hamilton Mourão associou o comportamento dos assassinos ao vício dos adolescentes em jogos violentos, dizendo que os jogos influênciam a violência.

O pronunciamento do vice-presidente indignou a classe dos gamers do país, causando muita revolta. Mas em contramão ao discurso do vice-presidente, nunca foi comprovado por nenhum estudo ciêntifico a ligação entre o comportamento agressivo das crianças devido aos jogos online.

Segundo pesquisas realizada na Inglaterra, pela Universidade de Oxford que examinou os efeitos de diferentes tipos de jogos e o tempo gasto com telas no comportamento social e no desempenho acadêmico de 1200 alunos entre 12 a 15 anos, chegou na conclusão de que não existe ligação entre jogos violentos e agressões físicas na vida real.

Benefícios dos jogos online

Na realidade jogos online podem trazer diversos benefícios para desenvolvimento de uma criança, principalmente neste momento de pandemia que estamos passando.

Pois os jogos online foram na verdade a única maneira segura das crianças poderem brincar e se comunicar, além de ajuda-las a desenvolverem outras habilidades como instigar a criatividade, a concentração e a memória, e até em aprender outros idiomas, já que muitos desses jogos são em inglês e não tem versões traduzidas.

O excesso de exposição nas redes

Tudo em excesso faz mal, e a constante exposição de crianças a jogos online pode deixá-los estressados e depressivos, não necessariamente por jogos de tiros online, mas sim por um tempo demasiado navegando nas internet.

“Os videogames são jogados por um número grande de crianças e adolescentes e, para a maioria deles, não são prejudiciais à saúde. No entanto, ao redor de 3% dos gamers passam tempo demais jogando e podem sofrer de uma compulsão nociva.”

Psiquiatra Shekhar Saxena

“Crianças dependentes e intoxicadas por eletrônicos apresentam tristeza e apatia, alta irritabilidade, baixa tolerância à frustração, desmotivação de viver, com consequências nefastas no desenvolvimento integral.”

Psicóloga clínica, Bianca Stock

  O equilíbrio entre o real e o virtual?  

É importante ficar atento, limitando o tempo de navegação do seu filho na internet e começar a ajuda-lo a se entreter com outras atividades, como por exemplo: esportes, jogos de tabuleiro e leitura. Lembrando-se que não adianta tirar o jogo online de uma criança e deixá-la sem nada para fazer, ele precisa de direcionamento e liderança para poder seguir um bom exemplo.

Atente-se também a faixa etária dos jogos que o seu filho está jogando pois se o jogo está violento demais ele provavelmente não foi desenvolvido para o seu filho pequeno.

Outro ponto importante é a escola, pois a escola infantil tem um papel fundamental tanto para os pais quanto para as crianças terem um break um dos outros e mais liberdade para si.

No contexto de agora, a criança não consegue manter sua privacidade e segredos, e os adultos ficam assustados com isso ou aquilo que seus filhos fazem. A escola presencial faz parte do crescimento humano, que implica em afastamento gradual do olhar dos pais para a construção do sentimento de responsabilidade pelas crianças.

Por isso, nós da Escola de Educação Infantil e Berçario – AVIVA estamos presentes, pensando sempre em como auxiliá-los a compreender esta fase do seu filho e os ajudar a encontrar o equilíbrio entre a vida real e digital.

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